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domingo, 30 de maio de 2010

JUDÔ E EMOÇÃO

Em competições de alto nível, como o Grand Slam e a Copa do Mundo, o foco dos atletas e espectadores fica centrado nas performances no tatame. Uma preparação física adequada e técnica apurada são indispensáveis para alcançar o objetivo: vencer e subir no degrau mais alto do pódio.

Nesse final de semana, o judô brasileiro viveu situações que demonstram, claramente, o alto nível emocional de alguns dos nossos atletas. Foram os casos de Luciano Correa, que conseguiu virar vários resultados contrários, mesmo lutando com adversários que estão entre os melhores do ranking mundial; e Leandro Guilheiro, que venceu todas as suas lutas por ippon, revelando forma física, técnica e emocional diferenciada.

Mas antes, depois e, em alguns casos, até durante as disputas dos dois últimos finais de semana, ficou evidente que muitos judocas não têm o preparo emocional adequado para fazer uma luta mais equilibrada ou mesmo para elaborar uma boa estratégia para vencer.

No sábado, fiquei impressionado ao ver alguns atletas saírem chorando da área de competição, tristes com a derrota ou emocionados com a vitória. É natural que o esportista se emocione. Afinal, muitos alcançaram, nessa Copa do Mundo, sua primeira conquista internacional. Num momento como esse, o pensamento voa e o atleta se emociona ao lembrar dos sacrifícios que fez para chegar ao pódio, do apoio da família, enfim, da sua história. Lembra-se de quanto choro foi flagrado pelas câmeras de TV durante os Jogos Olímpicos de Pequim? Eu mesmo me emocionei muito ao conquistar o ouro olímpico em Barcelona. Esse filminho também passou na minha cabeça. Eu me emocionei, sim, mas não chorei, não cai em lágrimas.

Esporte e emoção andam juntos. Porém, o que preocupa é que, muitas vezes, esse choro revela a pressão emocional a que o atleta estava sendo submetido. Algumas vezes uma pressão imposta por ele mesmo. Todo esportista tem que ter em mente que, quando se entra numa competição, tanto a vitória fazem parte do jogo. A vitória é motivo de alegria e comemoração, assim como a derrota deve ser seguida pela análise e correção dos erros.

Atletas despreparados emocionalmente podem ser derrotados mesmo quando têm todas as condições físicas e técnicas de ganhar. Vamos sediar a Olimpíada de 2016 e essa é a hora de traçar estratégias para uma preparação emocional de alto nível para os nossos atletas, em todas as modalidades. Um campeão precisa ser capacitado física, técnica e também emocionalmente.


Comentários de Rogério Sampaio.

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