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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Proibição de ataques diretos na perna fazem judocas mudarem de estilo


O Campeonato Mundial de Tóquio, encerrado ontem, provou em estatística que o judô voltou mesmo às origens depois das mudanças de regra impostas pela Federação Internacional da modalidade (FIJ). De 16 medalhas de ouro distribuídas, o Japão conquistou dez. A taxa de sucesso de 36% – um em cada três judocas japoneses a pisar no shiai-jô tornou-se campeão mundial – é a mais alta da década.
O fato de o Japão vencer de forma tão colossal diz muito. A escola fundadora do esporte é considerada pelos praticantes a mais técnica e bela. Suas grandes características são a pegada clássica, com uma mão na gola e outra na manga do oponente, e o uso constante dos chamados golpes grandes – uchi-mata, seoi-nage e osotogari.
Em oposição à pureza japonesa, cresceu muito nos últimos anos uma espécie de luta híbrida, em que os judocas se valiam de técnicas do sambo russo e mesmo da luta olímpica. Seus adeptos faziam a pegada no quimono adversário apenas com uma mão na manga ou na gola. A outra servia para agarrar a perna do rival e assim arremessá-lo no chão. A fração da União Soviética em vários países inundou o circuito internacional de atletas com essas características e eles conseguiram ser tão bem-sucedidos que o judô propriamente dito quase não era mais reconhecido.
Alarmada com a transmutação, a FIJ proibiu desde janeiro as “catadas” de perna. Desde então, o atleta que atacar desta forma é sumariamente desclassificado. Por resultado, as lutas voltaram a ser travadas com os judocas fazendo o agarre clássico. A técnica japonesa refluiu vigorosamente. A ponto de a final de duas categorias – ligeiro e meio-leve – no torneio feminino do Campeonato Mundial ter sido travada por compatriotas da terra do sol nascente.
Comparação
O Japão liderou o quadro de medalhas em todas as edições do Mundial, exceto em 1961, em Paris, quando foi batido pela Holanda. Nos últimos anos, porém, a supremacia estava reduzidíssima. Em Roterdã, no ano passado, os japoneses terminaram com três ouros, uma prata e três bronzes, seguidos pelos sul-coreanos, que tiveram dois ouros e três bronzes. No Mundial do Rio, em 2007, o Japão venceu com três ouros, duas pratas e quatro bronzes, contra três ouros e um bronze do Brasil.
Bem melhor
Criado pelo educador Jigoro Kano em 1882, o judô sempre se pautou pela guarda da integridade física dos praticantes. Desfigurado, ele oferecia risco de lesões durante os treinamentos, sobretudo das crianças. Com o sucesso da escola japonesa, os professores retomarão o antigo cuidado, é o que diz a FIJ.
Brasil avança muito
» O Brasil terminou o Mundial de Tóquio em sétimo lugar no quadro de medalhas, posição muito melhor que a de Roterdã, ano passado, em que o país saiu de mãos vazias, apesar de estar defendendo três títulos ganhos do Rio, em 2007. Em entrevistas durante a semana, o coordenador técnico da Seleção se mostrou animado. “Mostramos que temos uma equipe bem homogênea. Apesar de serem resultados individuais, essas medalhas são fruto do conjunto”, disse.
Seletiva no DF
Campeão Pan-Americano júnior em Orlando (EUA), há 10 dias, o Brasil fará em Brasília, no próximo sábado, o torneio seletivo para formar a equipe que viajará ao Mundial do Marrocos, no fim de outubro. Estão convocados três lutadores do Distrito Federal – Sérgio Nascimento no peso ligeiro; Vinícius Sakamoto no meio-leve; Lucas Almeida (foto) no leve. Além deles, virá Milena Mendes, curitibana criada em Taguatinga, que atualmente compete por São Paulo no peso meio-leve. A competição será no ginásio do Colégio Marista Champagnat, em Taguatinga. Trinta lutadores participarão. Deles, serão selecionados oito judocas no masculino – do ligeiro ao pesado – e somente quatro no feminino. Isso porque Nathália Brígida (-48kg/MG), Rafaela Silva (-57kg/RJ), Fernanda Peinado (-63kg/SP) e Mayra Aguiar (-78kg/RS) já estão classificadas.

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